Todo ano, uma leva de especialistas em finanças pessoais recomenda à população que use o 13º salário para quitar dívidas. No entanto, dependendo da dívida, esse pode ser o pior conselho possível. Segundo Marcelo Maron, Diretor Executivo do Grupo Par, Mestre em Economia e Palestrante, dívidas como as de cartão de crédito, por exemplo, reajustadas por juros extorsivos, não devem ser quitadas sem uma negociação:
“Cada caso é um caso e esse tipo de generalização prejudica os consumidores. Dependendo do estado das dívidas com cartão de crédito, a melhor alternativa pode ser, justamente, o oposto do que dizem esses especialistas. Se o consumidor já está com seu nome negativado junto a instituições de proteção ao crédito e a dívida cresceu espantosamente em função dos juros sobre juros praticados pelas administradoras de cartões, é um grave erro usar o dinheiro do 13º para quitá-la imediatamente. Como os juros cobrados pelas administradoras de cartões são flagrantemente abusivos, as pessoas têm que endurecer a negociação”, alerta Maron.
Para o executivo, que também promove palestras sobre estruturação de finanças pessoais, é muito comum que, com o passar do tempo, o “desconto” oferecido pelas administradoras de cartões para a quitação da dívida chegue a 90% do total, podendo ficar até mesmo abaixo do valor principal:
“Não estou incentivando as pessoas a não pagarem suas dívidas, mas é fato que o endividamento no cartão de crédito, turbinado por taxas de juros extorsivas, não deve ser aceito sem questionamentos”, explica. Para o especialista, não é fácil ser devedor. As pressões psicológicas são muitas e os bancos e administradoras de cartões têm equipes de cobrança especializadas, que sabem como pressionar os devedores, muitas vezes para além do limite da legalidade:
“É comum ouvirmos relatos de pessoas que são ameaçadas de arresto de bens, mesmo que seja a sua única casa. O consumidor precisa saber que as coisas não funcionam assim. É preciso ignorar este tipo de ameaça e negociar com calma e frieza, sem nenhuma pressa. Se a pessoa se deixar intimidar, fatalmente fechará um péssimo negócio”, lembra Maron.
Segundo Maron, antes de usar o 13º para quitar uma dívida com o cartão, por exemplo, o consumidor pode usar esses recursos para mudar o perfil de sua dívida: “Com o nome negativado, o consumidor não consegue obter empréstimos mais baratos, como um crédito direto ao consumidor, ou mesmo um consignado. Mas com algum dinheiro na mão, as portas se abrem e torna-se possível negociar tudo com o gerente do banco. Por exemplo, trocar a sua dívida de cartão, que corre a 10% ao mês por um CDC de 3% ao mês pode ser muito bom para começar. Dificilmente alguém lhe dará um CDC com uma dívida ativa e nome negativado. Mas uma operação concomitante, onde você paga a dívida com seu 13o e pega o empréstimo mais barato na mesma ocasião, é bem mais viável. Você fica com uma dívida mais barata, limpa seu nome e ainda têm alguns recursos na mão, quem sabe para ter um Natal mais decente”, assinala.
Fonte: revistafator.com.br
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