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Crédito, financiamento imobiliário e aplicações: como a Selic influencia seu dia a dia?

A cada dois meses, quando ocorrem as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, a Selic  (taxa básica de juro) fica em evidência em todo o noticiário econômico. É comum ver profissionais do mercado comentando sobre a taxa e analisando os impactos na economia nacional.

Entretanto, muitas pessoas não enxergam a relação entre a taxa básica de juro e o seu próprio orçamento. Se a taxa subir, será que as prestações do carro, da geladeira e da casa própria podem sofrer alguma alteração? E os investimentos podem ser influenciados pela variação da Selic? De acordo com especialistas, a taxa influencia, sim, no dia a dia das pessoas.

Crédito em geral
A Selic é obtida por meio do cálculo da taxa média ponderada dos juros praticados pelas instituições financeiras e serve como referência para as outras taxas existentes na economia. Por isso, ela influencia nas operações de crédito para o consumidor final.

De uma maneira básica, quanto mais alta a Selic, maior os juros finais para o consumidor e o mesmo vale para o contrário. Entretanto, a taxa cobrada para o consumidor final é muito mais alta do que a Selic. “Enquanto a Selic está em 12% ao ano, as taxas de juros do cartão de crédito chegam a 300% ao ano”, lembra o diretor da Pinski Consultoria, Isaac Pinski.

Segundo ele, isso acontece por alguns motivos. Em primeiro lugar, as taxas cobradas pelos bancos também são elevadas. “Os bancos têm uma margem grande e ganham bastante com juros”, diz. Além disso, a tributação influencia diretamente no custo do crédito ao consumidor final. “Os impostos cobrados pelo Governo também têm uma forte parcela de culpa no valor do crédito”, diz Pinski.

Outro fator que faz com que os juros no crédito para o consumidor sejam bem maiores do que o juro básico da economia é o risco embutido no financiamento. “Quanto maior o risco de inadimplência, mais caro se torna o crédito”, afirma. Segundo ele, as taxas de inadimplência no Brasil ainda são bastante elevadas, o que faz com que os juros aumentem. “Quanto maior o número de devedores, maiores os custos das instituições financeiras com as áreas de crédito e cobrança e isso também afeta nas taxas”, diz Pinski.

Financiamento imobiliário
O educador financeiro e fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil, Mauro Calil, explica que o financiamento imobiliário não é diretamente influenciado pela Selic. Isto porque as taxas do financiamento de imóveis são decorrentes da poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

“O FGTS tem uma taxa de 3% ao ano mais TR (Taxa Referencial) e a poupança tem taxa de 6% ao ano mais TR”, diz. “Por isso o crédito imobiliário é mais barato do que outros tipos de financiamento”, explica.

O diretor da Pinski Consultoria afirma que o crédito imobiliário também é mais barato por conta do menor risco de inadimplência. “Normalmente, o próprio imóvel serve como garantia hipotecária do financiamento, coisa que não acontece quando a pessoa compra uma joia, uma roupa ou outros bens”, afirma Pinski. “O custo relacionado ao risco é menor e, consequentemente, as taxas são menores. Mas você tem as mesmas incidências”, diz Pinski.

Investimentos
Os investimentos também sofrem influência com as alterações da Selic. Em um cenário de juros mais elevados, as aplicações de renda fixa se tornam mais interessantes, por conta do rendimento atrelado diretamente à Selic. Já quando os juros estão em patamares inferiores, a renda fixa fica menos atraente, porque não remunera tão bem os seus investidores.

Ao mesmo tempo, as aplicações em bolsa seguem a lógica contrária. Com a Selic alta, o investidor prefere garantir a rentabilidade com a renda fixa e sai da bolsa, que oferece mais risco. “Se você consegue uma rentabilidade de 12% ao ano correndo um risco baixíssimo com a renda fixa, teria que ter um rendimento bem maior na renda variável para compensar o risco”, afirma Calil.

Com os juros elevados, aplicações como títulos do Tesouro Direto são uma das mais indicadas pelos especialistas. “O Tesouro Direto garante uma boa rentabilidade, aliada à grande segurança proporcionada pelos títulos públicos”, diz.

Segundo ele, neste momento – de inflação elevada e tendência de queda de juros –, o investidor pode aproveitar para diversificar o portfólio de títulos públicos, entre os prefixados e os pós-fixados atrelados à inflação. “Com a diversificação, você se protege neste momento de transição”, afirma o educador financeiro.
Equilíbrio no orçamento

Para o diretor da Pinski, independentemente do patamar em que a Selic se encontra, o mais importante é que o consumidor consiga manter um equilíbrio no seu orçamento, para que mudanças na política econômica não afetem de maneira negativa as contas familiares.

“Para que haja esse equilíbrio, as despesas não podem ser maiores do que as receitas”, afirma Pinski.

Ele ressalta a importância da educação financeira, para evitar problemas e um futuro endividamento. “Não adianta você conseguir uma redução na prestação de um financiamento e ir comemorar gastando o limite de cheque especial e usando o cartão de crédito, para depois pagar o rotativo”, afirma. “É preciso entender que, enquanto nós “emprestamos” o dinheiro por uma taxa de 12% ao ano, nós pegamos emprestado à taxas de 200% ou mais ao ano”, conclui.

Fonte: Infomoney

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