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Dívida de famílias deve deixar Natal mais ′morno′

Com juros mais elevados e renda menor, o endividamento das famílias deve aumentar até dezembro e contribuir para tornar mais "mornas" as vendas do Natal deste ano.

A avaliação é de empresas de informação financeira e representantes do varejo que já projetam crescimento de até três pontos percentuais sobre o endividamento de julho deste ano, apesar de o indicador estar menor do que em julho de 2012 (31,4%).

Foi de 30,4% a relação entre a dívida total dos domicílios (exceto dívidas imobiliárias) e a renda acumulada em 12 meses em julho deste ano, segundo dado mais recente do BC (Banco Central).

Para Fábio Silveira, diretor da GO Associados, a subida de juros deve comprometer a capacidade de pagamento de consumidores e empresas.

"Os juros reais são o dobro [cerca de 3%] da média do segundo semestre de 2012. O custo de financiamento encareceu, o crédito está mais restrito e isso traz impacto nas dívidas", disse Silveira.

"A renda está em parte comprometida com pagamento de dívidas já feitas, sobra menos no orçamento para gastar", completou.

Segundo a ACSP (associação comercial), o comércio deve crescer de 2% a 3% neste ano -menos da metade do desempenho de 2012.

"Nas regiões Norte e Nordeste, em que grandes redes abrem lojas, a situação pode ser um pouco melhor. Nos grandes centros, deve haver ainda mais promoções para atrair o consumidor", disse Marcel Solimeo, da ACSP.

"Deve ser um Natal mais morno", afirmou Luiz Rabi, da Serasa Experian.

DESEMPREGO

Além de ter menos dinheiro no bolso, o consumidor reclama cada vez mais do desemprego como principal fator para a inadimplência, afirma o economista Flávio Calife, da Boa Vista Serviços (administradora do Serviço de Proteção ao Crédito).

Dados antecipados para a Folha de pesquisa de perfil do inadimplente mostram que o descontrole financeiro, que ganhava participação até o segundo trimestre, perdeu para o desemprego. A redução na renda também aparece na quinta posição entre os motivos citados no levantamento.

"A inflação também corrói a renda, além do impacto de cinco elevações consecutivas de juros. Por essa razão, muito mais consumidores vão usar o 13º salário para abater dívidas de cartão de crédito, cheque e carnês", afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor da Anefac (associação dos executivos de finanças), ao antecipar dados de estudo sobre o salário extra.

Fonte: Folha Online

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