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Black Friday 2013 serve de exemplo


Cláudia Santos (foto) é Advogada Especialista em Direito do Consumidor e Coordenadora Executiva do PROCON Fortaleza.











 
 
Não comprar gato por lebre. O conselho, que bem poderia vir de uma mãe preocupada para um filho inconsequente, é dado pela coordenadora técnica do Procon-CE, Cláudia Santos, a quem se aventura nas compras online. "Sugiro cautela ao consumidor", afirmou. A sugestão de Cláudia veio após a polêmica Black Friday, sexta-feira negra em tradução livre, ocorrida na última sexta-feira (29).

Na ocasião, várias lojas virtuais e físicas propagaram descontos em produtos. O resultado, entretanto, não agradou a todos, conforme apurou no dia das ofertas a Redação Web do Diário do Nordeste.
 
A reportagem acompanhou alguns produtos em sete grandes sites nacionais durante dois meses. A constatação foi de produtos apresentados como promoção custando até mais caro do que o preço do início da apuração. No site das Casas Bahia, por exemplo, a reportagem encontrou o videogame Xbox 360 sendo vendido como oferta da promoção a um valor mais caro do que estava há 10 dias antes da Black Friday. Já no site Submarino, um notebook CCE estava na lista de Oferta Especial sem ter sofrido nenhuma alteração de preço.
Reclamações
 
No Twitter, a reclamação foi grande. "Black Friday no Brasil é #blackfraude. Os caras vendem as coisas pelo preço que deveriam custar e falam que é promoção. Enganação total!", lamentou o usuário Marcelo Araújo, em seu perfil. Na fanpage do Diário do Nordeste no Facebook, os usuários também contaram suas experiências. Marcelo Júlio lamentou as ofertas nacionais. "Esta promoção é uma piada, tudo mesmo preço, agora hoje nos EUA está cheio de brasileiro, lá sim tem promoção de até 90%", escreveu. Já Nelson Ferreira definiu que a "Black Friday é apenas um chamariz para fazer com que consumidores corram para as lojas e pelo anseio de consumo comprem qualquer coisa".
 
Para minimizar os prejuízos para o consumidor, o Procon realizou uma operação de fiscalização e monitoramento das ofertas. "Os fiscais monitoraram os sites e ofertas para evitar propagandas de má fé, que não condizem com a verdade", explicou a coordenadora técnica.
 
Segundo Cláudia Santos, é necessário ainda tomar cuidado com a temida "propaganda enganosa", observando o contexto das chamadas publicitárias. A representante do Procon exemplificou um anúncio veiculado na sexta-feira, que escrito "carro de graça na Black Friday", escondia nas letras pequenas a informação de que o que era gratuito, na verdade, eram itens adicionais ao veículo e não o carro.
 
"A propaganda, com base no Código de Defesa do Consumidor, tem que ter todas as informações necessárias para não conduzir o consumidor ao erro de comprar gato por lebre. Mas a gente sabe que não existe no mercado nada de graça. Tem que ver o que diz o restante da propaganda. Tem de analisar o contexto de como está sendo feita. Acho que nem o consumidor acredita ao ver algo assim", defende a coordenadora técnica.
 
Reclamações batem recorde
O site Reclame Aqui (http://www.reclameaqui.com.br), responsável por receber denúncias de empresas feitas por consumidores, relatou recorde de reclamações no ano durante a Black Friday. De acordo com o blog oficial do serviço, em apenas seis horas de evento, a quantidade de registros feitos atingiu o maior número de 2013.
 
A página do Reclame Aqui deixou um ranking ao vivo de reclamações que funcionou 24h durante a sexta-feira. O site Extra (http://www.extra.com.br) liderou as denúncias, seguido por Ponto Frio, Submarino, Americanas e Casas Bahia. Segundo a Serasa, a cada 20 segundos, em média, uma pessoa consultou o CNPJ de uma empresa antes de fechar negócio durante a Black Friday. A empresa de análises ofereceu um mecanismo de buscas gratuito para os cidadãos chamado VocêConsulta.
 
Apesar de críticas, descontos existiram
Apesar das críticas nas redes sociais, houve casos positivos de consumidores que compraram produtos a preços abaixo do comumente praticado no mercado. A Redação Web do Diário do Nordeste observou, por exemplo, redução no preço do videogame PlayStation 3, que passou de R$ 1.099 para até R$ 899 (com direito a promoções relâmpago de R$ 440) e do smartphone Samsung Galaxy S4, que caiu de R$ 2.099 para R$ 1.899. A consumidora Angélica Teixeira comentou na fanpage do Diário do Nordeste no Facebook que comprou um celular na Black Friday e economizou. "Encontrei um celular com mais de R$ 200 de desconto", escreveu.
 
Já Clenilson Lopes afirmou que o smartphone que procurava estava com preço bastante chamativo. "Há smartphones como o Nokia Lumia 920 realmente pela metade do preço", afirmou Lopes.
O professor de Direito da Faculdade Mackenzie Rio e defensor público, Marco Antônio da Costa, elencou alguns cuidados para o consumidor que quer fazer compras no e-commerce neste final de ano.
 
"Pesquise se os produtos são vendidos por mais de uma loja e compare os preços e condições, inclusive prazo para entrega; verifique se o fornecedor indica claramente nome e número do CNPJ, bem como seu endereço físico e eletrônico, teste o canal de SAC", frisou, citando ainda que, no período, há muitos mecanismos de marketing e "não compre sem necessidade".
 
A previsão do portal Busca Descontos, responsável pelo site (http://www.blackfriday.com.br), é de que as vendas do e-commerce na data tenham gerado R$ 340 milhões, o que representa um crescimento de mais de 50% em relação a 2012, quando foram vendidos R$ 217 milhões, segundo a ClearSale, empresa especializada em soluções para autenticação de vendas no e-commerce.
 
Fonte: Diário do Nordeste

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