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Planos de saúde com problemas podem deixar 4 milhões na mão

Rio - A situação de 257 planos de saúde no País deixa cerca de 4 milhões de clientes sob risco de ficar na mão na hora de procurar atendimento médio ou fazer exames. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) somente este ano, até 28 de março, 187 planos estão sendo acompanhados com lupa pelo órgão por apresentarem problemas econômicos-financeiros. Neste mesmo período, 75 liquidações extrajudiciais de empresas foram iniciadas.

O quadro pode estar ligado à estratégia adotada por algumas empresas ao oferecer mensalidades muito mais em conta do que as praticadas pelo mercado. As principais vítimas dessa política são idosos com mais de 59 anos que optaram por convênios mais baratos. A faixa etária de zero a 18 anos também corre risco de ter um plano que não atende as necessidades.

“No mercado existem operadoras de pequeno porte com objetivo de aumentar carteira de associados e elevar receitas. Oferecem planos com preços abaixo da realidade. É sem dúvida uma estratégia suicida. No final a conta (despesa x receita) não fecha, gerando desequilíbrio financeiro, param de pagar credenciados, médicos, hospitais e laboratórios, que por sua vez suspendem o atendimento dos associados”, explica Ivan Lage, consultor de planos de saúde.

 Arte: O Dia Segundo ele, um convênio intermediário para idosos custa, em média, R$ 850. Mas há casos em que operadoras oferecem mensalidades de R$ 300. Os jovens também são atraídos por preços mais em conta. Segundo Lage, convênio confiável de operadora intermediária custa, em média, R$ 102 por mês. Já um top de linha pode sair por R$ 138, para essa faixa etária. Ofertas de risco são encontradas no mercado, com produtos que saem a R$ 40 por mês. “Com essa ‘oferta’ oferecem exames ambulatoriais e direito à consulta apenas na rede própria. Não há médicos credenciados. O cliente não é informado dessas limitações”, afirma.

Diante de problemas com o plano de saúde, a advogada Fernanda Azeredo Barbosa, 32 anos, foi para Justiça brigar por uma cirurgia para sua mãe, Iza Graça Sales de Azevedo Barbosa. “Minha mãe fez todos os exames e depois o plano mandou um fax para a gente dizendo que o procedimento tinha sido negado, diz a filha que conseguiu uma liminar que permitiu a realização da cirurgia sub judice.

Reajuste das mensalidades deverá ser divulgado até o fim deste mês
Até o fim deste mês, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) deverá anunciar o percentual de reajuste das mensalidades dos planos de saúde para os contratos assinados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei 9.656/98. O índice será aplicado a partir da data de aniversário de cada contrato de convênio.

No ano passado, o aumento autorizado pela agência reguladora foi de 6,73%, no máximo, com validade de maio de 2010 a abril de 2011. O percentual de reajuste para planos individuais e familiares incidiu sobre os contratos de aproximadamente 7,4 milhões de usuários da saúde privada em todo o País.

De acordo com a agência, na época, o número representava 13% dos cerca de 56 milhões de consumidores de planos de saúde.

Orientações para os mais velhos
ARMADILHAS
Os idosos devem ficar muito atentos para não cair em “armadilhas”. Segundo Ivan Lage, consultou de planos de saúde, clientes com mais de 59 anos de idade são as maiores vítimas de convênios que oferecem preços muito atraentes para essa faixa etária. Em alguns casos, o custo chega a ser 50% menor do que a média cobrada no mercado.

DESCONFIE DO PREÇO
Segundo Lage, o preço nessa faixa etária em uma operadora de porte médio gira em torno de R$ 630. Nas de grande porte, o custo médio é de R$ 850. Há as que oferecem mensalidades por R$ 300. “É para ficar desconfiado”, sugere o consultor.

ESCOLHA DO MÉDICO
Ao contratar o plano barato, o idoso corre risco de não ser atendido por seu médico de confiança, que não aceita o convênio.

GRANDES OPERADORAS
Na avaliação do consultor, esses planos se cercam de cuidados para manter o equilíbrio financeiro das carteiras, principalmente quando o cliente tem mais de 59 anos. Eles cobram alto dos clientes e exigem consulta com médico da rede. O objetivo, com isso, é detectar eventuais doenças e lesões preexistentes, que, quando constatadas, geram cobertura parcial temporária, ou seja, o associado não pode fazer internações e cirurgias por um período de 24 meses.

Pensionista do INSS abre mão do “luxo” de ter plano
A pensionista da Previdência Social Dilma Correia, 70 anos, conta que não tem mais plano de saúde. O benefício do INSS de menos de dois salários mínimos impede que ela tenha esse “luxo”. “Eu não tenho condições de pagar a mensalidade do plano de saúde que, na minha idade, é muito elevada. Quando a gente mais precisa de assistência médica é que o valor se torna impagável”, lamenta a idosa.

Dilma descreve que, para sobreviver, mora com a irmã, dividindo todas as despesas da casa. “Participo de todas as manifestações de aposentados e pensionistas para tentar melhorar nossas condições. Deveríamos ter um benefício do INSS maior e mais apoio oficial na área da saúde. Meu marido, de quem herdei a pensão, ganhava oito salários, e eu não ganho nem dois atualmente”, queixa-se.

 Fonte: O Dia Online - 09/04/2011

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