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Reclamações contra os bancos em todo o Brasil cresceram 35%

Não são poucas as reclamações de consumidores contra as instituições bancárias. Segundo dados do Banco Central, em fevereiro deste ano, 841 denúncias foram consideradas procedentes pela autoridade monetária, número 35% maior que no mesmo período de 2010. O maior volume de queixas é dos clientes do Itaú Unibanco, com 249 problemas relatados. As ocorrências campeãs são os débitos não autorizados, que lideram o ranking há mais de um ano. Na avaliação de especialistas em direito do consumidor, os números refletem a insatisfação de uma minoria, que decide procurar a autarquia para denunciar os abusos.

O caminho natural de quem enfrenta algum aborrecimento é procurar a agência bancária para tentar resolver a situação. Apenas quando as informações repassadas pelas instituições não são satisfatórias é que o consumidor costuma procurar outras formas de fazer valer o seu direito. Mas o avanço das reclamações não mostra, necessariamente, que os clientes estão mais conscientes. “Na minha visão, são os problemas que estão aumentando. Temos pessoas orientadas e conhecendo melhor seus direitos, mas o abuso ainda é grande”, diz o advogado Arthur Rollo.

Em 2010, pouco mais de 9.700 queixas foram julgadas procedentes pelo BC — o líder (Banco do Brasil) acumulou 2.538 reclamações. Os números poderiam ser muito maiores, se todos os problemas entre bancos e clientes fossem relatados à autoridade monetária. “Apenas uma pequena parcela das pessoas decide procurar o BC. Muitas nem sequer protestam, por descrença ou por não saberem que estão sendo enganadas”, analisa a economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

Se a projeção do primeiro bimestre deste ano se estender até dezembro, é provável que o número de queixas registradas pelo BC supere com folga os dados de 2010. Cerca de 1.834 reclamações foram feitas em janeiro e fevereiro, ante 1.084 registradas no mesmo período do ano passado. “Esse crescimento é uma conjugação de fatores. Além de um melhor preparo dos clientes, o crescimento da carteira dos bancos e o aumento de atitudes abusivas acabaram influenciando os resultados”, explica Ione.

Em muitos casos, como nos de operações não reconhecidas pelo consumidor, é impossível prevenir o prejuízo antes que ele ocorra. “É sempre recomendável ficar de olho na conta. Muitas vezes, os correntistas não percebem quando há uma cobrança indevida. Por isso, é recomendável ficar permanentemente atento em relação a tarifas e a débitos”, lembra Rollo.

MUDANÇA DE CRITÉRIOS
A Resolução nº 2.878 do Banco Central, editada em 2001, estabelecia limites e normas mais abrangentes para as instituições bancárias. À época, milhares de reclamações de clientes insatisfeitos chegavam ao BC todos os meses. Mas em 2009, a autoridade monetária realizou mudança nos critérios para o registro de reclamações contra os bancos. Hoje, os cidadãos que enfrentam problemas que não implicam descumprimento de normas do Conselho Monetário Nacional, como tempo de espera em filas e propagandas enganosas, têm suas demandas colocadas em uma estatística à parte.

 
Fonte: Correio Braziliense

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